Bullseye

A floresta

Árvores de galhos secos

Esperam as estações

Um dêmonio nos espelhos

No meio da mata

Traz o amor


Ele tem a face comum

Como se não tivesse

E coloca marcas

Em todos os alvos

Peguem suas armas

E disparem


Você não sabe

O que precisa

Atire

Faça isso ser melhor

Dê a ela palavras


Até as folhas se encherem nos galhos

E caírem denovo

O espelho permanece

Para lembrar

O meu alvo

Bem no meio da testa

O segredo da morte

É revelado no início

Mas não importa muito

Trocamos ele por um sorvete

Ou um dia de sol


O segredo da morte

Um dia vem em definido

Acerta o coração da criança

No meio do corredor escuro

A descoberta da noite


O segredo da morte então

Passa a ser assoviado no vento

Nos dias quentes

Quando não sabes

Se te sentes velho ou novo


Mas o segredo da morte

É bom saber

Para andar pelas planícies

Entre os animais

E então procurar

O que nasceu para ver

Há sempre um pouco de maldade

Em mim

Em tudo


Eu vivo morrendo e renascendo na mesma pessoa

E cada novo renascer

Os olhos atentos

Sem direção


O pensamento renegado

Negado ao coração

Que segue trilhando

Esse caminho cego

Que o sol expõe no dia



Encher os pulmões

De um ar rarefeito

E incolor

Voltar a verdade inventada

Olho pra baixo

E depois para cima

Fixo o olhar no céu

Em duas nuvens pequenas e perdidas


Na fumaça do cigarro

Os momentos desaparecem

Voam para o ruído das ruas

Passam pelas lojas fechadas

Pelos postos de gasolina


É bem mais real

Do que a morte


O teu beijo

Percorre vales e montanhas

Percorre mares e cidades

Para voltar aos teus olhos


Nas lágrimas

Toda a certeza

Toda a vida

De fato