In My Head....Or Something...

Sunday, October 23, 2005

Cutelo

No silêncio

Se esvai

O som da própria voz

Estranha...

E tentar esconder de você

Que já se foi ruim o bastante


A figura a frente

Desfoca

Os ferros transpassados

Fundidos


Fonte de corrosão

Antemão

Implicar...

Como faca

Cortar


À Chegada

Caída sobre si

Não-Fertilizada

Monday, October 17, 2005

Azul

Havia algo diferente. Era a Redenção, mas havia algo no ar e nas cores. A grama parecia mais verde, mais intensa. Na verdade havia diferenças. Tinha desníveis, que iam para baixo, com escadas, onde haviam mais quadras e muitas pessoas jogando. Ás árvores davam frutos dourados que brilhavam, e um velho sorriu pra mim enquanto comia uma dessas frutas, o suco da fruta viscoso escorria pela seu queixo. Não vi crianças, e as pessoas que estavam no parque estavam correndo e gritando.
Passei no prédio onde um amigo morava. Ele não estava. O porteiro estava vestido de terno preto, e fazia 37 graus na rua. Caminhei até a Protásio, na Goethe dobrei a direita e me vi na Paulino Teixeira, rua que já morei. Andei até o prédio aonde morei, e do bolso direito tirei uma chave. Entrei no prédio e fui até o 301.
Abri a porta, e o apartamento parecia como era antes, quando morava lá. A mesa de vidro no centro da sala, a geladeira no mesmo lugar, na cozinha. Fui até os quartos. Meu antigo quarto estava vazio, mas na sacada que dava pra rua ainda estava a rede, posta de um lado a outro. Na sacada fiquei olhando a rua. Crianças passavam, folhas caíam das grandes árvores e um vento leve passava. Não quis subir a escada até o segundo piso e saí do prédio. Peguei um ônibus não sei para onde. As pessoas pareciam muito sérias no ônibus. Mas de repente todos começaram a rir. Todos. Não havia uma pessoa no ônibus que não estivesse rindo, exceto por mim, que tentava entender o porquê. Não era de mim. Daí pararam de rir. O ônibus parou e desci. Estava longe de casa. Voltei a pé.
Subia as escadas do prédio e ouvi alguém cantar. Parecia a voz de meu pai, cantando algo em italiano. Em casa não havia ninguém. Um prato estava à mesa. Parecia uma carne, arroz e batata. Mas eram azuis. Comi.

Wednesday, October 05, 2005

As pessoas gostam de qualquer coisa. E mesmo isso que elas "gostam", é gostado na medida da conveniência e do momento. Ás vezes esquecem, trocam de distrações. Mas elas gostam de muitas coisas. Como não. São criadas verdades absolutas e seguem coisas sem relutar. O problema a meu ver é que você deixa de pensar. Quando ouço Tom Waits no escuro, me vem um sorriso discreto, e me vejo mais uma vez em algum tipo de contato comigo. Isso é bom, leva a mim. A vida não é só teatro das mesmas idiossincrasias e velhas brincadeiras e métodos de tentar botar o outro no foco pra tentar com o sofrimento do outro aliviar o seu. Ela não é isso. Embora seja. Ela é tudo e nada. E ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo em que as coisas estão exatamente onde deviam estar, elas não fazem sentido nenhum na sua ordem. E as pessoas tentam regulálas, e com isso se regularem num todo. Mas isso fica muito estúpido e vazio em grande escala. E a impressão acaba sendo nenhuma, embora você veja e ouça muitas coisas.

Sunday, October 02, 2005

Programação

E então as coisas se fazem

Como se esperam que seja feito

E não está aqui

Não está ali

Não está em vocês


E continuar no programa

Permanecer-se seguro

Apagando a luz

Ir contra você

Não ter porque

Mas sentir


Algo que nem parece

Que não aparece

E que desaparece


De dentro tudo sempre foi estranho

Ser sempre foi estranho

As regras

O jogo

Nunca quis ele