In My Head....Or Something...

Tuesday, January 11, 2005

Naima

"Calçar os sapatos geralmente me trazem idéias estranhas,me lembram que estou indo a algum lugar,e olho para a rua,tudo quieto,e Coltrane murmura seu lamento suave e agradável,lavo o rosto,escovo os dentes, e saio para a rua.Calor insuportável,caminho pensando que seria bom se acontecesse algo bom agora,alguma coisa que me surpreendesse,alguma novidade desses rostos e corpos.
Ando por entre flanelinhas e empresários, o brilho do sol nos carros,sorrisos e indiferença.Um bêbado me pede um trocado,dou a ele 50 centavos e ele me lembra um outro que eu vi uma vez dormindo do lado de um posto enquanto uns caras mijavam na cara dele.Chego no prédio do Paulo um amigo meu das antigas,e subo o elevador junto com uma garota loira,ela estava suada e molhada,vinha da academia e falava no celular.Era bem gostosa,mas tinha um ar,como se soubesse de muita coisa,jogava a cabeça pra trás e mexia no cabelo sem parar,olhava com desdém e eu não consegui segurar o riso,parecia que estava atuando,num papel,não vi nela nenhum traço de tranquilidade,de charme natural,só uma tentativa insana e obsessiva de chamar a atenção.
Daí ela falou:

-O que tu ta rindo?
-Ah,nada não,me lembrei de uma coisa só.
-É?
-É.
-Hm

O elevador parou no quarto andar e ela desceu,segui até o sexto e desci.Bati na porta e logo o Paulo abriu.Fui entrando enquanto ele falava sem parar das coisas que tinha pra fazer,ele trabalha com publicidade,mas agora estava desempregado,se virando com uns frilas,tinha que sair até pra levar um material mas disse que não ia demorar.Bateu a porta e fiquei sozinho,acendi um cigarro e fui fumar na sacada.O prédio onde ele mora é bem antigo,desses prédios antigos clássicos com apartamentos espaçosos,quartos grandes,e tem uma sacada de frente pra rua e fiquei olhando o movimento lá embaixo enquanto fumava meu cigarro.
Paulo tem um passarinho,um canário acho,amarelo e nunca entendi muito porque ele continua com esse bicho,ele nem da bola,só da comida pra ele não morrer de fome e água.O passarinho era de uma antiga namorada dele e quando ela se mandou ele ficou.Fiquei olhando pra ele,e ele cantava um pouco,esporadicamente.Comecei a ouvir gritos e parecia vir do vizinho,uma voz de mulher aos berros,e depois uma voz de um cara também aos gritos mas um pouco mais baixa que a voz da mulher.Era uma briga bem horrível,sons de coisas quebrando e os gritos não paravam e o passarinho começou a cantar compulsivamente e os barulhos dos ônibus lá embaixo,e o sol alto ainda esvaziando meus pensamentos.
Olhei para o pássaro e pensei na vida dele, e na minha,e a coisa me pareceu bem sórdida, e levantei a portinha da gaiola.Na hora nem pensei no que Paulo ia pensar,certamente não ia gostar,embora certamente não se importasse com ele também.O passarinho me olhou depois olhou para frente,ficou um tempo parado,deu um pulinho até ficar na frente da porta,cantou um pouco e depois ficou simplesmente parado enquanto eu o observava.Então pulou de volta pro fundo da gaiola e ali ficou.Fechei a portinha da gaiola e fui até a geladeira.Não tinha nada para beber só água,bebi um copo e fiquei pela sala.Peguei uma revista pra ler e daí Paulo chegou reclamando do calor e do trabalho.
Me lembrei de quando fazia publicidade e cada vez mais gosto menos da coisa,mas também não gosto muito mais das outras coisas e então saímos para beber,tava entardecendo e começava a rolar um vento na rua,tava bom até,e uma cerveja bem gelada cairia muito bem.
Fomos num boteco que costumo ir seguido,encontrei amigos,amigas e fiquei até tarde,simplesmente bebendo e conversando e fumando cigarros e olhando para as garotas e as milhares de coisas que passam na cabeça da gente nessas horas e tava bom e depois fui pra casa.Cheguei liguei o som e fui escovar os dentes,Coltrane de novo...é muito bom ouvir Naima antes de dormir.

Tuesday, January 04, 2005

Calor & Carne

"Não consigo parar de tentar parecer interessante aos outros...é ridículo...pessoas que nunca vi...tenho que parar com isso...a garota no ônibus...a outra na rua...e mesmo qeu eu goste...isso não pode interferir na espontanedade...no meu jeito...
A que senta ao lado...um mundo de desconhecidos...e na verdade eu não quero saber..eu sei disso...mas como reaçao instancial eu me ajeito no banco...tento parecer mais confiante...seguro...como se não fosse mediante tentativa contra mim mesmo...seguro de mim...certo deslocamento...ao mesmo tempo que avalio e vejo que não há nenhum motivo pra isso...mas continua...parece que alguns aspectos de mim são como garotinhos pequenos que são melhores amigos...inseparáveis...mas que vivem brigando...impulsivamente...onde minha auto-incapacidade briga com meu desejo de ser feliz...e nesse fogo cruzado fica o que aprendi nesses anos de vida(experiência?)...que é simplesmente a consciência de saber que não gosto de muitas coisas...que não quero muitas coisas pra mim...e as coisas que gosto...mas ise conhecimento fica alheio...vê de fora...
E a consciência do meu valor...do meu brilho...tenta separar essa briga...onde o sofrimento resultante não corta o suficiente...ele mais se faz presente...transita...numa linha entre o incômodo e o suportável...com alguns desvios...colisões...surtos silenciososo e interiores...pequenas mortezinhas...ele parasita...dentro de mim...como se ali achasse um lugar...
E eu sei que a maioria dos meus problemas fui eu que criei...então porque isso? Ah não..auto-piedade não...isso certamente não é saudável...mas essa é a tendência não...sempre olhar o ruim...em vez de valorizar o bom...
Que calor...vou dar uma volta...

Sunday, January 02, 2005

And Now For Something Different...

Parafraseando o Monthy Phyton...vou colocar algumas coisas não-minhas...que curto...traduçao minha mesmo...então me desculpem os possíveis erros..mas acho que ficou bom...




"Bluebird" (C.Bukowski)



"Há um pássaro azul no meu coração que quer sair

Mas eu sou muito duro para ele,

Eu digo,fique aí,eu não vou deixar

Ninguém ver

Você


Há um pássaro azul no meu coração que quer sair

Mas eu ponho Uísque nele

E fumo cigarros

E as putas e os barmens

E os balconistas dos mercados

Nunca saberão que

Ele está

Aqui


Há um pássaro azul no meu coração que quer sair

Mas eu sou muito duro para ele

Eu digo

Fique aí,você quer acabar comigo?

Você quer atrapalhar meu trabalho?

Você quer prejudicar as vendas dos meus livros na Europa?


Há um pássaro azul no meu coração que quer sair

Mas eu sou muito esperto,eu só deixo ele sair

Á noite ás vezes

Quando todo mundo está dormindo

Eu digo, eu sei que você está aí,

Então não fique triste.


Daí eu ponho ele de volta

Mas ele está cantando um pouco lá dentro

Eu não deixei ele morrer ainda

E nós dormimos juntos

Assim

Com nosso

Pacto secreto

E isso é bom o suficiente

Para fazer um homem chorar

Mas eu não choro,

E você?